domingo, fevereiro 20, 2011

Quem você era?

Esses dias, numa conversa qualquer com um amigo, entre uma risada e outra ele me olhou bem sério e perguntou: Quem você era? Me pegou despevinida. Como quem eu era? Eu era eu, oras. Não, você não era o que é você. Essa que está na minha frente nasceu depois. Quem você era? Ah... Era ingênua e acreditava em todo mundo. Gostava de correr na chuva e não me importava se estavam olhando. Subia em árvores e depois morria de medo de descer. Chorava quando dava vontade e ria na mesma intensidade, não precisava de motivos e nem de lugar, só precisava ter vontade. Corria pros braços da minha mãe quando sentia medo, e não tinha vergonha. Quando descobria que estava gostando de algum garoto, corria contar pra ele, e não me importava com o que ele poderia pensar ou dizer. Cantava bem alto mesmo sabendo que minha voz é horrível. Dançava igual louca mesmo sabendo que sou péssima dançarina... Meu amigo não sabe, mas me deixou com um vazio enorme depois que respondi. Eu vivia! Por isso era tudo tão simples. Não era por eu ser criança que tudo era fácil. Tudo era fácil porque eu era fácil. Depois de um tempo vamos nos fechando. A coisa parece que anda pra trás, começa a desacontecer. Parece que esquecemos em um canto qualquer aquela pessoa mais sábia que existia dentro d enós e nos tornamos isso. Robôs. Somos programado pra fazer joguinhos. Pra agir conforme o que esperam de nós. Não falamos um "Eu te amo" quando sentimos vontade. Não corremos pro colo da mãe quando sentimos medo. Não cantamos bem alto porque as pessoas vão olhar. Não corremos na chuva porque, afinal, não somos criança. Essa conversa me devolveu à mim. Me devolveu à aquela garotinha que não tinha medo, nem dúvidas. Esse negócio de agir com a razão não está com nada, francamente. Viva o momento. Abrace quando sentir vontade. Grite quando sentir que não cabe mais em você. Fique, quando perceber que qualquer lugar melhor que aquele, ainda não chega aos pés. Não espere ter razões pra ficar, pra amar, pra abraçar. Não espere porque talvez essas razões nunca apareçam. Não espere. Mesmo que depois pareça errado, mesmo que a pessoa que não sinta o mesmo. Mas o que você sente, isso sim importa. Pode não importar pros outros, mas é o que importa - deveria - pra você.

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