sábado, novembro 27, 2010

Os olhos se procuraram a noite toda, estava chegando ao fim e a eles sabiam. Não dava pra deixar passar, não tinha como. Os olhos se procuravam gritando pra que, pelo amor de Deus, alguém fizesse alguma coisa pra não acabar. Só mais um pouco. Só mais alguns momentos. De longe, mas sem perder de vista. Não dava pra desviar o olhar, porque num desvio um deles poderia ir embora e isso não podia acontecer, já que estava acabando, teriam que pelo menos se despedir. Deles. Da história. Do era pra ter sido amor mas não conseguiram deixar ser. Ou conseguiram, mas não souberam exergar, mas isso já não importa. Algumas coisas não foram feitas pra dar certo e eles sabiam, desde o começo, que nunca daria certo. Não importa de quem foi o erro, se é que teve um erro. Cada um agiu conforme o que acreditava e isso não é errado. Ela seguiu um caminho que não era o seu e ele ficou. Ele não soube entender que as vezes as pessoas se arrependem e o orgulho não leva a nada. Eles não conseguiram ver a tempo que pra ser feliz, ter razão era ultima coisa que importava. Passavam todos os dias pelo mesmo corredor, se caçando com os olhos e sem entender que isso, podia ser amor. Deixaram passar pra perceber no último dia, que mesmo com uma história desajeitada, eles não queriam se perder. Mas quem consegue dizer isso? Eles não. Mais um olhar, mais um encontro no corredor, mais um sorriso escondido e mais um olhar desviado como de quem não se importa. Só mais uma vez. Doeu de ver. Doeu como nunca alguma coisa tinha doído antes. Coisa triste. Ficam de longe ensaiando pra se despedirem. Dessa vez chegar perto não seria um passo pra frente, como antes. Dessa vez, dar um passo pra frente pra chegar perto significava chegar mais rápido ao fim, e isso dói. Saber que depois de tudo que viveram só o que restou foi uma despedida. E eles se olharam e se abraçaram. Vou sentir sua falta. Eu também. Nunca mais vamos nos ver. Vamos, vamos sim, eu vou te ver. Ta bom. Soluço. Abraço. Um beijo timido no rosto e uma vontade de abraçar forte e dizer que isso tudo é uma palhaçada e que essa despedida é uma palhaçada e que o fim é mais palhaçada ainda. Mas se limitaram a se abraçar e dizer tchau, com os olhos se caçando, pela última vez.

Simples fim

Eu estava me despedindo de você. Nossa história durou tempo demais apesar de nunca ter acontecido. Tantos dias, encontros, desencontros, esbarrões. Olhares, disfarces, pressa. Medo, indecição. E agora tinha acado. Depois de tudo, depois de tanto. A uma semana atrás parecia que tínhamos todo o tempo do mundo pra continuarmos com isso e agora eu estou aqui, sentada, em prantos com o que restou do seu abraço. A uma semana atrás eu tinha certeza de que você era história superada e tudo bem, nossa história acabaria junto com o colégio. Mas não. Não está tudo bem. Você não é história superada e eu tive certeza quando te abracei dizendo adeus. Eu quis morar pra sempre no seu abraço. Quis te segurar e dizer que não, eu não queria me despedir, eu só queria você. Mais nada. Mas não fiz. Nem você. E eu me pergunto que porra de vida é essa que me fez voltar quando você já não me esperava mais. Que me fez te amar quando você já não me amava mais. Eu posso continuar sem você. Eu sei que consigo te esquecer. Mas eu não quero. Eu não quero continuar sabendo que não vou mais te ver todas as noites, mesmo que seja de longe, mesmo que seja pra passarmos ao lado um do outro fingindo que não faz diferença. Eu não quero continuar sabendo que acabou. Simplismente acabou, depois de tantos erros e sacrifícios. Essa é a maneira mais injusta de um amor morrer. Simplismente acabar. Não por falta de amor, mas por falta de coragem e cansaço de continuar lutando.

quarta-feira, novembro 24, 2010

Eu não queria mais você. Na verdade, eu não queria querer você. Eu não podia. Então ele apareceu. Lindo, novo, limpo. Era uma nova vida na minha vida já tão suja. Ele tinha namorada, mas tudo bem. Eu sou mais bonita, meu cabelo é mais liso e tenho metade do peso dela e o dobro da bunda. Em dois tempos consigo ele pra mim. Consegui. Mas não era isso. Aí teve o outro. Esse veio de um passado muito distante. Daquela época em que um selinho dá medo e andar de mãos dadas é um pedido de namoro. Lindo! Cuidou de mim e me deixou cuidar dele. Mas ele também tinha um amor. Não estavam mais juntos. Mas ele tinha. E também não era isso. Depois veio o menino do cabelo bonito. Que charme era aquele? Não dá pra resistir. Fora que quando um cara daqueles fica bobo e nervoso por conversar com uma simples garota como eu, é motivo pra não resistir. Mas também não era isso, não era. Não sei o que tem que ser. Só sei que não é nada disso. Quero um amor limpo, sem arranhão. Sem cicatriz. Não quero alguém que estaja do meu lado e olhe pra trás pra ver como está seu antigo amor. Quero alguém que esteja do meu lado e olhe pro lado, pra ver se ainda estou ali. O problema é que sempre vai ter um antigo amor. Sempre. E eu não tenho tempo pra dar tempo de eu virar o novo amor. Porque eu tenho pouca idade, muita pressa e um coração acelerado que não sabe esperar. Então eu corro. Corro porque eu quero alguém que me ame, depressa. Mas como eu vou achar alguém que me ame se eu consigo dar tempo da pessoa me amar? Aí a pessoa aparece. Me ama num tempo récord, mas eu corro porque ela me ama mas eu não não a amo e não tenho tempo pra esperar o meu amor por ela nascer. Então eu começo tudo denovo.

quarta-feira, novembro 17, 2010

Sabe o que mais doeu? Saber que você estava cometendo o mesmo erro que eu. O pior não foi saber que você estava com ela, mas saber que você não a amava, que ela não te daria o valor que eu dava e que depois que a euforia e o seu orgulho passasse, você voltaria. Iria querer me ouvir te pedindo pra ficar, pra não ir. E eu sabia que quando você voltasse eu já não estaria mais disposta. Não é que eu não te ame mais. Eu te amo, amo muito. Só não consigo mais ter aquele desejo de te fazer a pessoa mais feliz. Não consigo olhar pra você e ver o meu mundo. Eu queria estar inteira pra quando você voltasse, mas você quebrou, sujou aquele lugar que eu guardei pra você. Meu coração era seu. Meu pensamento era seu. Eu era sua. Pela primeira vez, eu acho que está um pouco tarde, um pouco errado. Eu ainda sonho com você e sinto uma falta absurda de olhar no seus olhos e reconhecer. Simplismente reconhecer. Não sei de onde, mas reconhecer. Eu não queria me perder de você mas você foi embora e esqueceu de me ensinar a te esperar.

segunda-feira, novembro 15, 2010

Não teve começo. Quando percebi você estava alojado no meu coração e já tinha me tirado do seu. Jamais estivemos em sintonia. Você desejou estar comigo, cuidar de mim e eu te expulsei, te recusei. Não era o momento. Você tentou, eu sei. Você tentou de todas as maneiras. Me esperou mais tempo do que eu mesma conseguiria me esperar. Aí eu te quis. Te busquei, te tentei. Quis te trazer de volta à uma história da qual você demorou pra conseguir sair. Uma história que já tinha durado tempo demais apesar de nunca ter realmente existido. Você já não me queria mais, mas nunca conseguiu sentir isso realmente. Nunca conseguiu dizer pra eu ir embora. Você já não desejava mais ficar do meu lado mas não conseguia me deixar ir embora. Eu tentei, você sabe. Fiz mais do que meu orgulho me permitiu. E fui embora. Agora eu sei o que você sentiu, sente. É um misto de não querer mais com querer tanto que dá medo de ter e perder, denovo. Eu também estou com medo agora. Demorei pra conseguir te tirar do meu pensamento que eu não quero te deixar me invadir denovo pra depois te ver indo embora. Não quero voltar pra nossa história que não existe pra depois ter de me reinventar sem você. Mas não quero continuar sem seu abraço. Não quero ir embora e nunca mais ver seus olhos. Eu quero te abraçar e dizer que sempre foi você. Que apesar de todos esses desencontros, nosso encontro vai durar pra sempre. Nosso tempo está acabando e nós sabemos disso, mas não temos coragem de entrar na nossa história.