quarta-feira, abril 20, 2011

O vazio

Era uma gatinha, por volta dos meus 8 anos, estava sentada no muro de casa com algumas amigas em volta. Todas rindo, brincando. Bárbara dizia que demorou horas pra sua mãe conseguir trançar seu cabelo todo, estava com muitas trancinhas, bem finininhas. Ela adorava. Fernanda ria porque achava besteira, era a mais bonita do grupo e tinha cabelos longos, bem lisinhos. Aí veio o vazio. Essa é a primeira vez que me lembro de ter sentido o vazio. Aconteceu antes, mas não me lembro exatamente, a primeira vez que gravei na memória foi esta. Estava com minhas amigas mas meu coração gritava que ali não era meu lugar. Não é nó no peito, angustia, nada. É só um vazio que eu nunca entendi de onde vinha. Chegava do nada, nas mais diversas situações. Depois, já era uma mocinha e o vazio continuava aparecendo. As vezes que mais me atormentava era quando ele aparecia quando eu estava com meus pais. Caramba, eu tô com meus pais, como posso sentir esse vazio? Essa sensação de que não estou onde deveria. Que não é o meu lugar. Continuei sem entender. Alias, continuo. Até hoje essa sensação vem forte. Vem derepente. Não sei qual é meu lugar. Como se encontra quando não sabemos o que procurar?

sexta-feira, abril 01, 2011

Carta pra alguém que passou

Se você estiver lendo isso significa que nunca mais vamos nos ver. Garanti que só chegaria aos seus olhos quando com toda a certeza nosso encontro ou qualquer tentativa de aproximação fosse impossível. Não porque não quero te ver, mas porque quero demais. Contraditório, não? Mas sei que não é surpresa pra você. Bom, vamos lá. Tem alguma coisas que ficaram engasgadas e eu preciso que você saiba, mesmo que agora já não altere nada entre nós. Quem sabe traga compreensão. Ou mais mágoa, talvez. O fato é que desde o princípio não fomos compatível. E desde o início nos conhecíamos muito bem. Você me conhecia muito bem, na verdade. Me parece que ficou mais estranho agora. E ficou. Agora percebe a confusão que estava minha cabeça? Total incompatibilidade com total conhecimento. Sabíamos exatamente o que o outro queria, pensava, mentia. Só nunca conseguimos saber o que o outro sentia. Ou sim? Confesso que me perdi quando te conheci, e me conheci quando te perdi. Foi a história mais louca que eu já vivi ainda que a mais curta. Não sei se marcou pra você, não sei se teve relevancia ou se está esquecida em um canto qualquer. Mas sinto que ainda pensa em mim. Espero que pense, pois eu nunca deixei de pensar. Você me fez um mau danado e me fez mais mulher, mais madura, mais dura. Te agradeço por isso. Nunca soube porque entrei nessa história, à princípio você não me agradou em nada. As coisas foram acontecendo e eu fui indo junto, pela primeira vez. Você é um homem bom de péssimo carater. Espero que um dia isso se ajeite. Você ainda vai descobrir o mal que faz mentir a quem se quer bem. Machuca e não é coisa pouca. Nunca consegui mentir pra você. Você nunca conseguiu falar a verdade pra mim. Ou você realmente me adorava? Não te procurei depois daquela conversa em que colocamos um ponto final que foi seguido de várias reticencias. Mas esperei que você me procurasse, todos os dias. Você também não fez. Espero que não tenha sido por falta de vontade. Só queria que você soubesse que não guardei mágoa alguma. Mas não foi por falta de tentativa, eu apenas não consegui. E deveria. Não vou dizer que desejo que você encontre alguém e seja feliz. Porque eu não desejo. Me arrasou tudo que fui sabendo sobre você, depois do fim. Eu quis demais te fazer feliz, quis ser sua menina, quis te dar colo mais vezes pra sempre. Depois, tanto tempo, tantas coisas. Me fez mal perceber que tudo que restou foi pena. Eu gostaria de ter ido embora antes de descobrir que você é só um homem muito patético. Fique bem, porque agora eu estou incrívelmente melhor. Ah, caso queira saber, estou mais linda do que nunca.