sexta-feira, outubro 02, 2009

Eles sabem


Ele sabia no que estava se metendo quando se envolveu com ela. Antes de tudo ele já tinha absoluta certeza de que nunca mais iria desejar outra companhia. Ela era tão absolutamente só, era tão amante da sua própria solidão. Tinha olhos de mel, tão doces quanto tristes. Embora, não houvesse douçura em sua tristeza. Tinha tanto medo de companhia quanto ele de solidão. Carregava com ela o sorriso mais fácil do mundo todo, a risada mais frouxa. E ria. Ria com o corpo todo. E chorava. Chorava encolhida, tão pequena. Gostava da solidão porque tinha certeza que era só e pronto, com a solidão você não precisa se perguntar "será amanhã ele ainda vai estar comigo?". Você sabe que amanhã vai estar só e pronto.

Ninguém jamais conseguiu ultrapassar a linha. Ninguém jamais chegou tão perto. Nunca, nunca ninguém a viu de perto ou conheceu seu enorme medo de morrer sem ter vivido o tal do amor verdadeiro. Ele sempre tão simples, queria dizer exatamente o que estava dizendo. Era tão complexa, queria dizer quase sempre o contrario do que estava falando. Eles se entendiam. Não com as palavras. Se entendiam pelo toque. Pelo olhar. Ele não precisava dizer que estava ao seu lado, ela sabia. Ela teve essa certeza quando ele segurou sua mão. Ela não precisava dizer que ele era o mundo dela, agora. Ele teve essa certeza quando ela o deixou ultrapassar a linha.

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